abrem-se janelas de sol
feixes de luz pelas frestas
na garganta da casa
de cada panela um cheiro
cada cheiro, um sabor
onde o dissabor?Noite
constante a serra
pesada hora
o ritmo se fazendo coisa
ecoando pelos vãos dos longos quintais
ritmo do trabalho Sabará
mãos na massa marceneiro
nesta manhã que agora passa
neste trabalho sorrateirodona das horas dona Maria
viver já é graçacada filho que nascia comadre
nova ressurreição da mãe
por isso, dizia a nega Julia Antonia
é preciso re-inventar os campos de espera
pois sem memória caro Buñuel
não existe amor
Sandoval Nonato Gomes-Santos
(manhã de sábado de primavera, final de Novembro em São Paulo, 2010).
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